I Menstruação
Menstruação e enxaqueca
➢ Cerca de 60% das mulheres com enxaqueca apresentam maior frequência das crises no período menstrual. Isso é conhecido como enxaqueca relacionada à menstruação.
➢ A enxaqueca menstrual pura é diagnosticada quando os ataques ocorrem exclusivamente na época da menstruação em pelo menos dois dos três ciclos menstruais e em nenhum outro momento durante o ciclo. Por essa definição, cerca de 10% das mulheres com enxaqueca têm enxaqueca menstrual pura.
➢ Os mecanismos mais prováveis responsáveis pela enxaqueca menstrual são:
o Níveis decrescentes de estrogênio / progestogênio.
o Aumento da concentração das prostaglandinas (compostos semelhantes a hormônios) na circulação sanguínea, atingindo o maior pico durante as primeiras 48 horas da menstruação.
Tratamento da enxaqueca Durante a menstruação
➢ Um diário de enxaqueca pode ser muito eficaz no estabelecimento da ligação entre menstruação e enxaqueca. Fazer o diário é bem simples. Há diversos aplicativos, inclusive gratuítos para isso. A ideia é anotar naquele dia de cefaleia tudo sobre a dor: local da cabeça, intensidade da dor, tipo da dor (latejante ou não), duração da dor, uso e efeito de analgésicos.
➢ O tratamento agudo é o mesmo que para outras enxaquecas e pode incluir os triptanos (Sumatriptano, Naratriptano, Zolmitriptano, Rizatriptano) e/ou antiinflamatórios não hormonais (AINEs). Os triptanos são igualmente eficazes para a cefaleia no período menstrual ou durante o restante do ciclo.
➢ Às vezes, um ataque antecipado de enxaqueca menstrual pode ser evitado com um triptano de ação prolongada ou alguns AINEs nas horas anteriores ao ataque.
II. Pílulas Anticoncepcionais e Enxaqueca
O que pode acontecer na correlação entre mulheres com enxaqueca e o uso de pílulas anticoncepcionais:
o A enxaqueca pode melhorar
o Nenhuma alteração na frequência ou gravidade das cefaleias
o A enxaqueca pode se tornar mais frequente ou mais grave
o A enxaqueca pode iniciar em mulheres nesse momento (principalmente se houver histórico familiar)
o Mudar de Enxaqueca sem Aura para Enxaqueca com Aura
o A enxaqueca pode ocorrer apenas no intervalo sem pílulas.
➢ Portanto, de maneira geral, enquanto em algumas mulheres as pílulas possam determinar uma melhora na frequência e/ou intensidade das cefaleias, em outras ocorre o inverso. Pioram. As cefaleias são um efeito colateral comum das pílulas e, na maioria dos casos, geralmente melhoram com o tempo.
➢ A dose e o tipo de hormônio das pílulas podem variar e isso faz diferença quanto à ocorrência ou agravamento das cefaleias.
➢ É importante encontrar a pílula que melhor lhe convém em consulta com seu (sua) médico(a) ginecologista, que também pode conversar brevemente com seu neurologista para seu melhor tratamento.
➢ Se você sofre de enxaqueca COM AURA, não deve tomar a pílula que contém estrogênios. Isso ocorre porque a pílula combinada (com estrogênios) está associada a um maior risco (embora pequeno) de acidente vascular cerebral isquêmico. Mas veja: Não há esse risco para as mulheres com enxaqueca SEM AURA
➢ Se os padrões de enxaqueca mudarem para pior ou se a paciente apresentar aura pela primeira vez, o contraceptivo oral deverá ser suspenso. Após a interrupção, cerca de 30-40% dessas mulheres melhorará, mas essa melhora pode não ocorrer por até um ano.
➢ Nas pacientes que sofrem de enxaqueca na semana livre de pílulas, pode-se considerar o uso contínuo da pílula, sem interrupção, sempre com o conhecimento e concordãncia do(a) ginecologista.
Risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC)
➢ A enxaqueca com Aura é um fator de risco para o AVC isquêmico
➢ O risco aumenta ainda mais em mulheres com enxaqueca com aura e que usem pílulas com estrogênios. Portanto, não devem usar essas pílulas. Além disso, devem cuidar muito bem de sua saúde: parando de fumar, emagrecendo, controlando o estresse e eventuais outros fatores de risco como hipertensão arterial, diabetes e colesterol alto.
• Pílulas que contenham apenas progesterona NÃO aumentam o risco de AVC e podems ser usadas.
III. Gravidez e enxaqueca
➢ É provável que a enxaqueca melhore durante a gravidez: 60% experimentam melhorias, principalmente durante o segundo e terceiro trimestres. Provavelmente pela estabilidade dos níveis de estrogênio e progesterona, mas também pode decorrer do aumento da produção de endorfina.
➢ A melhora é mais provável em mulheres com enxaqueca sem aura ou que têm enxaqueca menstrual ou relacionada à menstruação
➢ Geralmente, os padrões prévios da enxaqueca (frequência, intensidade) retornam quando a gravidez termina e a paciente começa a menstruar novamente.
➢ 15% das mulheres relatam piora ou nova enxaqueca durante a gravidez
➢ Não há uma maneira definida de prever como ou se a enxaqueca mudará durante a gravidez.
➢ O agravamento ou o início da enxaqueca com a gestação não afetam em nada o resultado da gravidez e a paciente precisa ter certeza disso.
➢ A maioria das mulheres que experimentam enxaqueca pela primeira vez durante a gravidez continuará a apresentar enxaqueca depois disso.
Tratamento da enxaqueca durante a gravidez
➢ As pacientes devem ser tranquilizadas sobre a maior possibilidade da sua enxaqueca melhorar durante o segundo e o terceiro trimestres, mesmo que os ataques se tornem piores nos estágios iniciais da gravidez
➢ As pacientes também devem estar seguras que o feto está seguro caso tenham feito uso de medicamentos inadvertidamente antes de descobrirem que estavam grávidas
➢ Quando as crises de enxaqueca se iniciam durante a gestação, a primeira coisa a se fazer é excluir outras causas para a cefaleia.
Após o diagnóstico da enxaqueca, um regime de tratamento baseado nos seguintes princípios pode ser considerado:
Tratamento medicamentoso
➢ Poucos medicamentos foram testados quanto à segurança na gravidez, portanto, as terapias agudas são limitadas ao uso de paracetamol com ou sem antiemético.
➢ Como a maioria dos medicamentos exerce seu maior impacto sobre o feto durante o primeiro trimestre, os medicamentos devem ser descontinuados imediatamente após a confirmação da gravidez.
➢ Os tratamentos profiláticos também podem ser descontinuados se a paciente estiver tentandda cabeça por meios de
➢ Uma excelente alternativa durante a gestação é o uso de bloqueios de nervos periféricos cranianos por meio de injeções locais, muito pouco dolorosas com anestésicos locais. Totalmente autorizadas pelos(as) ginecologistas, sem risco e muito benéficas
Tratamentos não medicamentosos
➢ Dormir / Descansar / Reduzir atividades
➢ Biofeedback
➢ Exercícios leves
➢ Terapia de massagem / relaxamento
➢ Evitar os fatores desencadeantes conhecidos
➢ Aumentar a ingestão de água e muita atenção à alimentação
➢ As terapias complementares, como acupuntura, reflexologia, ioga e meditação também podem ser utilizadas
IV. Menopausa e enxaqueca
➢ Para as mulheres cuja enxaqueca está intimamente ligada ao seu ciclo menstrual, o início da menopausa pode resultar em uma melhoria real, embora seja raro os ataques desaparecerem completamente.
➢ Ao contrário da menopausa fisiológica, a menopausa cirúrgica resulta em piora da enxaqueca em dois terços dos casos.
➢ No período inicial da menopausa, como há flutuações hormonais, pode haver piora da enxaqueca. Conforme os níveis dos hormôniosesteróides sexuais diminuem, a frequência da enxaqueca tende a diminuir. Mesmo assim, na população geral entre 55 e 60 anos, a incidência de enxaqueca em mulheres ainda é maior que nos homens, por fatores não bem conhecidos.
Tratamento da enxaqueca na perimenopausa
➢ Os tratamentos agudo e do preventivo usualmente prescritos devem ser mantidos nesse período.
➢ Os triptanos são indicados apenas em adultos com idades entre 18 e 65 anos.
➢ Terapia de reposição hormonal:
o Ainda é praticamente impossível prever o que uma determinada mulher experimentará
o As vias subcutâneas de administração de estrogênio são mais propensas a melhorar a enxaqueca do que as vias orais.
o Doses mais baixas são recomendadas para enxaqueca.
o A terapia de reposição contínua de estrogênio pode ser preferível à dosagem cíclica.
o Para melhores resultados, os níveis de estrogênio devem ser mantidos estáveis.
o A enxaqueca não é um fator de risco para AVC em mulheres na pós-menopausa e, portanto, a reposição hormonal não é contra-indicada por esse motivo.